sábado, 30 de novembro de 2019

Amazona


Pese embora em guerra
Tua beleza vou cantar
Como Aquiles te verei
Ao Penthesileia enfrentar,

Quer dês cabo de mim
Ou eu te trespasse a ti
Reclamarei aos deuses
Que a mais bela eu já vi,

Podes ser minha inimiga
Planear a minha morte
Recebê-la de ti seria
Talvez um golpe de sorte,

Antes às mãos da beleza
Se entregar ao criador
A alma feliz por morrer
A contemplar o seu amor,

Antes pela beleza lutar
Na gesta morrer ou matar
É mais nobre, é mais belo
Mais alto não pode voar.

30-11-2019 - 11.45

Renato


Nascerei outra vez
Houve outras ocasiões
Em que renasci das cinzas
De barcos e aviões,

Quando tentei voar
E caí, redondo no chão
E ao navegar um escolho
Abriu no casco um rasgão,

Perdi tudo o que tinha
Caído no fundo do mar
E do avião, que caíu
Pouco consegui salvar,

Mas renasci sempre
Pois não se pode parar
O tempo passa a correr
Não vá a morte tardar,

Para ser o princípio
De um novo começar
De avião, de barco
Como o acaso ditar.

26-11-2019 - 21.29

Vesper


Por vezes, poucas
Lá me lembro do Natal
O que vem aí agora
No seu ciclo habitual,

O do frio glacial
O do calor familiar
Da cinza das memórias
Mais um há-de passar,

E lá vem o Solstício
E a véspera de Natal
Onde andarei eu?
Onde estou eu afinal?

24-11-2019 - 10.00