O vento sopra forte no saguão
A chuva anuncia-se na escada
E a noite apresenta de antemão
Mais um dia triste em caminhada,
A Lua não aparece neste céu
Esconde-a a chuva copiosa
E a visão simples e clara como eu
Promove uma sensação curiosa,
Eu via da porta a moldura
Velha, há tanto tempo talhada
Naquela madeira assaz dura
De velhas colónias importada,
Aqui neste quarto improvisado
Confirmando o que já se conhece
Assumo a tristeza do passado
No doce fruir desta benesse,
E após divagar sobre aquela fonte
Que jorra de tudo o que se sente
Posso revelar que navegando
Não há nascente nem poente,
Um náufrago só, numa ilha
Vivendo a vida em verdade
Trata a solidão como filha
Acometido de felicidade.
199?
Sem comentários:
Enviar um comentário