segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O Príncipe


Em ginete esguio e veloz
De garbo assíduo e perspicaz
Bem e mal fazer nos trás,
Na doçura da sua voz
De cada dama, um amor faz
Mas sua posse recusa assaz,

Por trechos de Sintra passado
Por ninfas e faunos protegido
Perscruta no desconhecido
Tal rio; o do mouro encantado
Por seus actos engrandecido
Em imos segredos esclarecido,

Troante alarde de natura
Que azul sangue oblitera
Por tal lei forte e severa,
Que alguns acham dura
Por rochas e terras passa
De fugazes Dulcineias à caça,

Seu escudo e brasão é o rock
(que a muitos se aplica também)
Mas todos sabem e ninguém,
Qual a sua pedra de toque
Se a cruz, a foice ou o A
Pois muitas, muitas há,

Resume o mal em fatalidade
E com ele luta bravamente
Pois que o procura ávidamente,
Nele se lhe afigura a maldade
E tal situação não aceitará
Até perecer combaterá,

Deixa testamento e carta
A quantos dele se lembrarem
E por tais atitudes tomarem,
Lhes doará quantia farta
Sublime última vontade
De herói póstumo em verdade,

Depois de morrer conseguiu
O que sempre procurou
No meio do bosque esculpiu,
Runas na pedra gravadas
Mensagens de eras passadas
Que da lembrança recuperou,

Em caracteres rúnicos
De tradição setentrional
A inscrição primordial,
Gravou em penedos únicos
(língua conhecida por mim)
- Viva o Hendrix e a Joplin!

Um pastor às vezes contava
Que lá p’rás bandas do Gerês
Foi avistado não só uma vez,
O ginete que ele montava
Procurando em Terras de Bouro
Ricardo, o Príncipe de Rio de Mouro.

1981

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