Ia a passear pelo jardim
E credo, apanhei um susto
Então não é que no centro
Tinham colocado um busto!
Curioso, aproximei-me
Para ver qual o retratado
E li, para meu espanto:
D. Emanuel “O Carecado”!
Tal ilustre não conhecia
Por isso fui ler o letreiro
Que diz em letras douradas:
“Eminente Churrasqueiro”,
O que me levou a indagar:
Quem será que deu dinheiro
Para mandar fazer um busto
De bronze a um churrasqueiro?
Por certo a clientela, pensei
Quem mais poderia ser?
Não foi por certo o patrão
Esse, dinheiro diz não ter...
Percebi então a dimensão
O alcance olímpico, audaz
Deste churrasqueiro ímpar
Que tão bom frango faz!
E, pasme-se, as costeletas
As febras, as entremeadas
Constam da dedicatória
Ex-more imortalizadas!
Onde está este semi-deus?
Em que Olimpo trabalha?
A julgar pela fornalha será
Hefesto que na febra malha?
O busto não o menciona
Não busca publicidade
Foi moldado à imagem
Da sua rústica humildade,
Será este novo herói
Das braseiras mestre
Modelo para uma estátua
Desta feita equestre?
Mas com certeza que sim!
Em bronze, cera perdida
Virá Andrea del Verrochio
Fazer a obra pretendida?
E de novo, se decide
A resposta será: - Sim!
Desse mestre florentino
A arte nunca terá fim!
Há um simples problema
Este jardim é pequeno
Para este novo semi-deus
Só um jardim...extraterreno...
Talvez em Marte ou Vénus
Este último adequado:
A temperatura à superfície
Assa o frango bem assado,
E a estátua equestre
Cavalgando a mestria
Fará jus à grandeza
De Pilos a churrascaria,
De barbecuer a busto
De estátua ao estrelato
Este celebrado vulto
Brilha no Largo do Rato!
27-11-2019 - 22.08
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