terça-feira, 19 de novembro de 2019

Amargura


Que amargo sabor de não poder
Mostrar todo o amor que posso ter
Por via de não poder sequer ver
Para além de tudo o que sei saber,

Permanece para além disso o poder
Que não logrei nem logro obter
De a verdade numa taça oferecer
A quem não o logra ou não quer ver,

No entanto permaneço aqui a ser
Parte de tudo aquilo que ao suceder
Me leva a este amargo sabor ter
Que de amar tanto não o querer,

Pois só da amargura o sabor saber
Não impede no fundo o meu querer
Firmado na razão que o amor ter
É razão suficiente para o sofrer,

E amar assim, amando sem poder
É mais amargo que um amor querer
E não poder pela amargura ter
Ser tão doce quanto poderia ser,

E por falar em amar, se puder ser
Tenho vindo a amar, sem querer
Pois se quisesse dor haveria de ter
De não o veres em mim a acontecer,

Não vês e nem precisas de ver
Eu amo e sou assim podes crer
Não me ames, mal não vai fazer
A juntar a tanto tempo sem amor ter,

O meu amor voa mais alto, podes crer
Vem do fundo do tempo que a viver
Nunca me deu mais que um parecer
Uma mera cópia dum talvez saber,

Que nunca, nunca poderia ser
O amor que sinto sem o querer
Dádiva amarga do infinito a ver
Como eu viverei sem um amor ter.

18-11-2019 - 23.45

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