Assaltam-me os fantasmas
De tudo o que não fiz,
E as sombras ao meu lado
Do que fiz no passado
Não me deixam ser feliz,
Queria limpar o quadro
Para o escrever outra vez,
Mas todas as indecisões
E a ausência de soluções
Só me sussurram – Talvez…
Acordo com a lembrança
Dos problemas anteriores,
E à minha vida cinzenta
O passar do dia acrescenta
Novo elenco de temores,
Já passou muito tempo
Sem um momento de paz,
A minha alma só sossega
Quando termina a refrega
No bem-estar que o sono traz,
Por vezes um raio de sol
Faz-me viver e suspirar,
Mas é só por um momento
Um ponto no espaço-tempo
Que não consigo agarrar,
As brumas do amanhã
As neblinas do futuro,
São ao longe a tempestade
Com que o passar da idade
Me vai encostando ao muro,
Sonho com a vida nova
Com o dealbar da nova era,
Mas o desenrolar da vida
E a esperança esmorecida
Vão destruindo a quimera,
Só espero que o universo
Na sua infinda perfeição,
Quando saldar estas contas
Consiga apagar as afrontas
Que ainda sinto no coração.
21-2-2008
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