A aliança entre o governo
E o tecido empresarial,
Está patente na pancada
Que é ao povo aplicada
Na velha relação laboral,
Havendo tanto desemprego
Têm os patrões na ementa,
Mão de obra mais barata
Mais submissa e timorata
À espera de ver se aguenta,
Estar na panela de pressão,
Grande motor do esquema,
Que já esteve arredada
Por Abril foi destronada
Mas voltou agora à cena,
Desta vez nua e trágica
E com o papel principal,
De regressada anfitriã
Desta interacção malsã
Que é a relação laboral,
Pois é impossível não ver
No negócio do trabalho,
Quem fica sempre a perder
Se é sempre o mesmo a ter
Mais uns ases no baralho,
Têm sempre trinta dias
Os doze meses salariais,
Mas deles mais de metade
Mostram ter na verdade
Vinte e quatro horas a mais...
E o encolhido Fevereiro
Que dois dias tem a menos,
Conseguirá ele compensar
Mais sete dias a trabalhar
Ou serão dias mais pequenos?
E trabalhar um mês inteiro
Para só depois receber,
É como se só o trabalhador
E nunca o empregador
Pudesse a corda roer...
Quando na realidade
Muito patrão ao deparar,
Com o trabalho já feito
Sorri inchando o peito
E resolve não pagar,
E o prejudicado quem é
Fazendo contas no final?
É sempre o empregado
Com o patrão beneficiado
Por esta relação laboral,
Que realmente não chega
A ser uma relação laboral,
Mas antes um sacrifício
Da verdade e um indício
De que funciona, mas mal!
Ser um trabalhador
Na sociedade actual,
É resistir mas sabendo
Aos poucos ir perdendo
Nesta relação laboral,
Quem só possui a arma
Do trabalho que executa,
Tem que a manter afiada,
Bem limpa e preparada
Para a programada luta,
Que aguarda o seu dia
Para a decisão final,
Ver quem tem razão
O empregado ou o patrão
Nesta relação laboral...
15-3-2007
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