sábado, 2 de novembro de 2019

Musa #583

Penso no tempo que perdi
A pensar que amava
Mas a lembrar-me de ti
Eras, mas eu não esperava,

Alguma vez te encontrar
Ou até que fosses real
Releguei à utopia
Esse raro amor, de cristal,

Pensava que não existia
Para pessoas como eu
Que não vivera ainda
Como tudo aconteceu,

Como então te conheci
E não foi só a beleza
Que eu em ti descobri
Disso tenho a certeza,

Esperei o que tive a esperar
Receoso de não conseguir
Chegar a contigo falar
A tua presença sentir,

E desde que te conheci
Vim sempre a confirmar
Que afinal existias
Eu não estava a sonhar,

Não que não tivesse sonhos
Sonhos que me transmitiam
Que as deusas do amor
Um tal amor me traziam,

Não sabia, estava à espera
Mas Ele fez-me o favor
Fez-me cruzar contigo
Para sentir alguma dor,

A dor de quem acorda
Dum sono de anestesia
Olhando à volta a vida
Até então tão vazia,

Não que a poesia não
Preenchesse uma parte
Pois como tu sabes
Faço dela a minha arte,

Mas tu como mulher-musa
Fazes-me escrever tão bem
Com o amor que por ti sinto
Que nunca senti por ninguém,

Tenho medo, muito medo
Por ti, por mim, por nós
Mas a ameaça do degredo
Não pode calar esta voz,

Que me vem do coração
Que diz alto e bom som
Que afinal é possível
Vivermos num outro tom,

Noutras teclas do piano
Noutras cordas da guitarra
E por ti avanço tanto
Por ti, tenho tanta garra,
 
Pareço outra vez menino
À descoberta da vida
Ao ver numa beldade
Uma companhia querida,

De cuja presença me nutro
Nos cumes da minha escrita
Naqueles voos mais altos
Que a tua verve me incita,

E que já por sinal confessei
Ser da mais requintada arte
Só eu sei porque as escrevo
Por ti, delas a maior parte...

7-10-2019 - 00.10

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