quarta-feira, 30 de outubro de 2019

A Revolta Das Coisas

As coisas revoltam-se
Com muita facilidade
Ajudadas pelas forças
Das quais a gravidade,

Desempenha um papel
Quiçá preponderante
As coisas caem no chão
E somem-se num instante,

Levadas pela embalagem
Pelos cantos se escondem
E mesmo que as chamemos
Claro que não nos respondem,

Vão no esconderijo passar
Dias, meses, anos, quem sabe
Talvez nunca encontradas
E sua procura nunca acabe,

Já tive casos desses
Como este de agora
Em que guardei algo
E saí pela porta fora,

E agora não me lembro
Onde é que pus aquilo
Não que me faça falta
Mas eu não tenho um quilo…

Revoltam-se as coisas
Contra o nosso domínio
E com elas o acaso brinca
Entre as dobras do fascínio,

Como desaparecem lestas
Escondidas à nossa frente
E procuramos horas, dias
Mas nunca o suficiente,

Quando elas quiserem
Ou o acaso lhes dite
Lá apareçam por fim
Como se por convite…

Pois entretanto operámos
Na equipa a substituição
E agora temos um par
E um dilema em decisão,

Eu já comprei um cabo
E tinha outro sem saber
Fui a correr e comprei-o
Para nenhum uso vir a ter,

Pois o outro encontrei
Pendurado atrás da porta
Tal como devia estar
Mas disso fiz letra morta...

Ainda tenho por encontar
Uns 20 paus de placa
Há mais de dois anos
E ainda a ideia me ataca...

De encontar a tal coisa
Que me desapareceu
Para ficar de reserva,
E na reserva se escondeu,

Tenho pois uma reserva
Para quando não há
Mas o pior é que a guardei
E não sei onde está…

7-8-2019 – 18.32

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