segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Do Patronato

O arquétipo Patronal
Com o seu lema - Explorar!
Da antiguidade oriundo
Depois de olhar o mundo
Resolve por fim discursar:

- Já sabem todos quem sou
  mas prestai bem atenção:
  esquecei o vosso dinheiro
  pois cheguei aqui primeiro
  e já de espada na mão,

- Não me amedrontam as leis
  pois foram feitas para mim,
  e aqueles que as fizeram
  de joelhos aqui estiveram
  jurando todos que sim,

- Que me prestam vassalagem
  e espero que isso aconteça,
  pois daqui saíram tementes
  mansos e subservientes
  e conservando a cabeça…

- Não me assusta o sangue
  nem me demove a dor,
  estou aqui para vencer
  e vai saber quem perder
  quanto vale um ganhador!

- Mando por obra e graça
  deste mundo onde vivo,
  a minha arma é o dinheiro
  qual virotão de besteiro
  silencioso e furtivo...

- Vossas vidas serão minhas
  e vivereis como eu disser!
  Em vossas casas o pão
  será luxo e ostentação
  e não o terão, se eu quiser,

- Perdei todas as esperanças
  de um dia viver melhor,
  pois eu detenho o poder
  de vos deixar sobreviver
  a recear sempre o pior,

- De ora em diante o Patrão
  mandará absolutamente,
  podem afastar-se de mim
  mas sentirão sempre por fim
  a escravidão da corrente,

- Que a mim vos prende
  e não vos vou libertar,
  sei que vos estou a dever
  e para esse dinheiro obter
  havereis de me suportar,

- Já vos roubei tanta vez
  E foram tantas as afrontas,
  que tudo o que vos pagasse
  receio bem não chegasse
  para equilibrar estas contas...
 
- É essa dívida mágica,
  esse “vosso” que eu guardo
  que vos faz prisioneiros
  desses míseros dinheiros
  que carregais como fardo,

- Se a liberdade quiserem
  e essa corrente cortarem,
  vosso dinheiro perdereis
  pois nunca mais o vereis
  enquanto por cá andarem,

- Está lá nas minhas contas
  É o meu trunfo para jogar,
  precisais dele para viver
  e será então que vamos ver
  se conseguireis aguentar,

- O tempo que a lei me dá
  para pagar os ordenados,
  os subsídios já retenho
  e há muito que vos venho
  a manter bem enganados,

- Quero, posso e mando
  e nada podeis fazer,
  a não ser queixas a quem
  como bom filho da mãe
  tudo me deixa fazer.

 

  19-9-2006

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