O arquétipo Patronal
Com o seu lema - Explorar!
Da antiguidade oriundo
Depois de olhar o mundo
Resolve por fim discursar:
- Já sabem todos quem sou
mas prestai bem atenção:
esquecei o vosso dinheiro
pois cheguei aqui primeiro
e já de espada na mão,
- Não me amedrontam as leis
pois foram feitas para mim,
e aqueles que as fizeram
de joelhos aqui estiveram
jurando todos que sim,
- Que me prestam vassalagem
e espero que isso aconteça,
pois daqui saíram tementes
mansos e subservientes
e conservando a cabeça…
- Não me assusta o sangue
nem me demove a dor,
estou aqui para vencer
e vai saber quem perder
quanto vale um ganhador!
- Mando por obra e graça
deste mundo onde vivo,
a minha arma é o dinheiro
qual virotão de besteiro
silencioso e furtivo...
- Vossas vidas serão minhas
e vivereis como eu disser!
Em vossas casas o pão
será luxo e ostentação
e não o terão, se eu quiser,
- Perdei todas as esperanças
de um dia viver melhor,
pois eu detenho o poder
de vos deixar sobreviver
a recear sempre o pior,
- De ora em diante o Patrão
mandará absolutamente,
podem afastar-se de mim
mas sentirão sempre por fim
a escravidão da corrente,
- Que a mim vos prende
e não vos vou libertar,
sei que vos estou a dever
e para esse dinheiro obter
havereis de me suportar,
- Já vos roubei tanta vez
E foram tantas as afrontas,
que tudo o que vos pagasse
receio bem não chegasse
para equilibrar estas contas...
- É essa dívida mágica,
esse “vosso” que eu guardo
que vos faz prisioneiros
desses míseros dinheiros
que carregais como fardo,
- Se a liberdade quiserem
e essa corrente cortarem,
vosso dinheiro perdereis
pois nunca mais o vereis
enquanto por cá andarem,
- Está lá nas minhas contas
É o meu trunfo para jogar,
precisais dele para viver
e será então que vamos ver
se conseguireis aguentar,
- O tempo que a lei me dá
para pagar os ordenados,
os subsídios já retenho
e há muito que vos venho
a manter bem enganados,
- Quero, posso e mando
e nada podeis fazer,
a não ser queixas a quem
como bom filho da mãe
tudo me deixa fazer.
19-9-2006
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