Venham nuvens cinzentas
Escurecer o meu dia
Quando o azul de uma flor
Era tudo o que eu queria
Essa planta não consegui
Que criasse raízes
E outras mais raras criei
Raras e doutros países...
Venham nuvens negras
Façam a chuva cair
Limpar ruas e corações
Das penas que estão por vir,
Ensombrem já, quanto antes
Não tenham tempo a perder
Caiam já em catadupas
As chuvas que hão-de haver,
Assim me quedo neste dia
Nesta sensação dorida
De cumprir a missão
Por mim mesmo atribuída,
Deixar de ser sensível
A qualquer beleza a passar
Reflectir e muito bem
A quem o amor vou dar,
Não me assusta a solidão
Aliás, nunca me assustou
Estou de bem comigo
Gosto daquilo que sou,
Não preciso que me digam
Como é que o mundo é
Tenho olhos na cara
Ele está mesmo aqui ao pé...
Venham nuvens escuras
Despejem água no porvir
A ver se lavam isto tudo
E o sol volta a sorrir...
31-10-2019 - 12.30
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