Somos fósforos que ardem
O pouco que há para arder,
Logo somos consumidos
Queimados, enegrecidos
Sem memória de viver,
Aparecemos exigentes
Altaneiros, orgulhosos,
Crescemos inconscientes
Devoradores impenitentes
De alagadiços famosos,
E quando com a idade
Nos sentimos mais seguros,
É então que reparamos
Que no ponto onde estamos
Já deixámos de ser puros...
Com a chama a chegar,
À ponta que se segura
Larga-se o fósforo da mão
Que cai apagado no chão
Mas deixou a queimadura...
Assim é a nossa vida
Tacteando na escuridão,
Essa matéria pesada
Constritora, programada
Para nos pregar ao chão,
Qualquer toque de leveza
Qualquer alusão elevada,
É depressa preterida
Pela matéria denegrida
E pelo trivial trocada,
Somos lumes que se acendem
Para à escuridão tornarem,
Lampejos fugazes de luz
Que a densidade seduz
Na ilusão de voltarem...
17-2-2007
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