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..
..Vibração
Subtilmente
Através do inverno
Hiberno eternamente...
Lendas são odores
São visões de outrora
Paisagens que adivinhamos
Numa planície onde embora
Tudo seja inventado
Existe um não sei quê
De irreal realizado
Que é a mais plena asserção
De já o ter experimentado,
Vem a nortada glacial
Naquelas remotas paragens
Ouve-se o vento a uivar
O lamento de um lobo é desejo
De talvez o encontrar...
É a solidão enlouquecendo
O frio transtornando
Mesmo o que já nem vemos
Pois a neve nos cegando
Aponta um horizonte
Onde a lenda nos cantando
Falava de uma ponte
Feita de luz e cristal
Que sem medo atravessando
Nos levaria a uma fonte
Onde por essa água provando
Morreria o animal
Que há muito nos vem matando...
Será o breu da noite
O gélido alvor?
A tempestade de neve
O regelado torpor?
Mas a verdade é certa
Que no frio intenso
Mais minha mente disserta
E lucidamente eu penso
Naquela antiga lenda
À qual nunca liguei
A minha maior amiga
No poema que desbravei
O frio que me conduz
Através desta trama
Um fino feixe de luz
Mostrando como ler
O destino dos ases
Saber porquê, resignado
O gelo e o fogo
Nunca fazem as pazes...
E no fim dos tempos
Hibernar de novo
Na majestosa, bela, fria
Caverna desse povo
Até que outro dia
Alguém faça de novo
Esta endoscopia...
11-2-1988
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