segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Musa #457

Como é possível ter fome
De algo que nunca comi?
Pois até já nem estranho
Ter esta fome de si,

Dos seus olhos marotos
De passear consigo na rua
De parar para os garotos
E imaginar vê-la nua,

Como veio ao mundo
Nesse dia ensombrado
Pelo tremor que eu senti
Mas que a pôs ao meu lado,

Ter caminhos cruzados
Está a todos destinado
E a cruzar-me consigo
Eu já estava programado,

Nunca mais chega o dia
Em que você queira ver
Como eu gosto de si...
Como gosto, sem querer...

E como lhe queria dar
Umas beijocas nessa boca
E que depois me abraçasse
Devolvendo-as, como louca…

Sei que é perigosa
Na envolvente que tem
Mas eu tenho energia
E você sabe-o bem...

Deu-ma o infinito
Antes de a conhecer
Para que ao conhecê-la
Pudesse melhor viver,

Sabendo dum coração
Que cerejas oferece
A um desconhecido,
Pressentindo que ele merece,

E esse alguém rimou
Uma quadra para você ler
Feita ali, ao momento
Para que ficasse a saber,

Que a quem você as deu
Tem aqui ao seu lado
Um coração que por si
Merece ser conquistado…


30-6-2019

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