quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Programas de Televisão

Chamar ao “Programa da Júlia”
Como de “entretinimento”
É chamar um “puro-sangue”
A um macho sarnento,

Pois não é “entretenimento”
Falar de doenças emergentes!
É mas é zurzir nas audiências
Até também ficarem doentes!

E depois há os telefonemas
Só para se darem opiniões
Acerca de assuntos absurdos
Que só causam confusões,

E assim passa o tempo
Até à hora de jantar
E depois do “Preço Certo”
Uma telenovela mamar,

E que excelente diversão
Não passar do comezinho
Pimbalhadas a granel
E publicidade no focinho,

Mas que negra alquimia
Que chumbo quer fazer
Do ouro que ainda há
No dia-a-dia por viver,

Não passam de “sopradores”
Com um problema em mãos
Convencer as audiências
A gostar das aberrações,

Que ostentam como modas
Utilizando estas bodegas
Para a pimbalhada promover
Com as suas cegarregas,

E ainda há que se inscreva
Para ir para lá assistir
Em directo e ao vivo
E, a uma ordem, aplaudir...

Até daria vontade de rir
Se não fosse para cismar
Que estas porcarias são é
Baldes de merda a tresandar,

E chego mesmo a constatar
Que com a publicidade certa
Baldes de merda se venderiam
Apesar de grande a oferta,

E para incitar a procura
Há que a pílula dourar
Dá-se de brinde um piassaba
Para as sanitas limpar,

E com as sanitas limpas
Levar depois a pensar
Que tanto balde de merda
Há-de toneladas pesar,

Mas não há nada a temer
Faz-se uma linha de montagem
Vem a merda das televisões
Directamente à embalagem,

Que depois é despejada
Para cima das audiências
Que passam a ver televisão
Em vez de fazerem paciências,

Todos cobertos de merda
Ao fedor tão habituados
Que já nem dão por isso
Nem se sentem enganados,

Mas não existe maior erro
Que perfilhar tal ignorância
De quem tanta merda vende
E com tal grau de ganância!


9-7-2019

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