Já pensaste em vir a ser
Quem para mim vem a correr
Quando as coisas te magoam
E a vida te faz sofrer?
Então vem ter comigo
Tens ombro onde chorar
E carpir as tuas mágoas
Que estão além a espreitar,
Sabes que as podes vencer
Tens no fundo do coração
Um desejo avassalador
De encontrar a solução,
Precisas dum ponto fixo
E dele à procura vens
Estás em muitos pontos
Mas nenhum fixo tens,
Compreendo-te bem:
Nesse bulício constante
A que não logras fugir
Sabes que lá distante,
Está uma outra porta
Esta não uma janela
Podes entrar e viver
Mas só para além dela,
Nas paredes vais batendo
Do corredor e é demais
Pois o fardo é pesado
E tu para nova não vais,
Não batam mais no ceguinho
Chega de tanta porrada
Deixem em paz a mulher
Que nunca está descansada,
A fazer-vos as vontades
Como se uma fada fosse
E não lhe saísse do corpo
Cada frasco de doce…
Cada saco pesado...
Que carrega como mula
Por isso não me admira
Que às vezes esteja fula,
Mas guardas tudo para ti
Por isso às vezes falas
De ti com desconhecidos
Pois algo em ti já não calas,
Um desejo de sair, voar
Voltar outra vez a ter
A confiança na vida
Que te fizeram perder,
Anda aí à tua espera
Só tens de a encontrar
Deitando fora esse lixo
Que andas a carregar,
Que é a vida dos outros
E que nunca é a tua
Por isso a tua solidão
Te parece tão crua,
A minha também é
Mas tenho um ponto fixo
Em mim mesmo fixado
Pelo homem do crucifixo,
Ele e outros que vieram
Para nos arrastar daqui
Para um mundo melhor
Que nunca teremos aqui,
Que está à minha volta
E crê que à tua também
Nós querendo a evocamos
E ao nosso encontro vem,
Pois trata lá disso que
Se eu te puder ajudar
Sintirei mais orgulho
Por Manuela te chamar.
3-8-2019 – 12.31
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