Quando te fiz a carícia
Foi com toda a intenção
De amenizar como podia
A dor da tua solidão,
Ali estavas, franzina, frágil
À espera de um amigo
Que não esteve onde devia
E essa falta é comigo,
O carinho que te fiz
A mensagem por mandar
Dizem bem como senti
Também meu o teu pesar,
Como o semblante
Da tua desilusão, só
De uma solidão vazia
Daquela que não tem dó,
Ainda bem que eu pude
Tão bem como o sei fazer
Dar-te um pouco do conforto
Que teu tanto merece ser,
Só eu sei da Manuela
Só eu sei como ela é
Sei mais dela do que ela
Porque estou aqui ao pé,
Não quero que carregues
Coisas para eu comer
Nem que acartes garrafas
De vinho para eu beber,
Não quero ver-te a engomar
Nem quero que limpes teias
Nem te quero fantasiada
De cinto-de-ligas nas meias,
De que a Manuela é outra
Tenho a nítida sensação
A Manuela que nunca vi
A Manuela da paixão...
E estavas tão bonita
Tão triste na tua sina
Que eras a tal Manuela
A Manuela menina...
Que me fala como irmã
Que felizmente não é
Não porque não a aceitasse
Mas porque aliás, até,
Quando lhe afaguei a cara
Suave, macia de veludo
Aquela, a que eu então vi
Seria minha, por tudo...
12-10-2019 - 00.05
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