Num constante nunca
Nos debatemos por ora
Quem sabe o solstício
Nos trará nova aurora,
Neste nunca constante
Constantemente adiado
Nos vamos redimindo
A cada sonho lembrado,
Não sabendo sequer onde
Ou mesmo se esse onde é
Onde a voz nos responde
Mesmo a pormenores até,
Debalde esperamos devir
No dia-a-dia que vivemos
A não ser nos lampejos
De vida que percebemos,
Em momentos fugazes
De elevada frequência
No diáfano passando
As imagens da existência,
A trespassarem os dias
Como fibras infinitas
Que usamos sem saber
Em manobras restritas,
Depois os nós atados
Cujos efeitos sentimos
Atribuímos ao acaso
Ou à sorte que despedimos,
Quando não aproveitamos
As coincidências patentes
A cada situação que vamos
Relegando ao entrementes,
Ao azar ou ao destino
As inclemências passadas
Olvidadando que das fibras
Temos as mãos calejadas
De ir puxando a meada
Sem saber o que lá vem
Desfazendo e refazendo
Esses nós que a vida tem,
Não se podem desfazer
Entrelaçados estão
Nos novelos por dobar
Para o fuso da situação,
É o tricotar da vida
O crochet da existência
Os lavores são a medida
Da pessoal competência,
Nós de marinharia
Em cordame de palhabote
Bujarronas rizadas
Cavername de galeote,
Nobre arte de marear
As cábreas torsas usando
Acosta no porto de abrigo
Nos cabeçotes amarrando,
Dos óvens as cábreas
Conduzem à amarração
Garantindo na acostagem
A firmeza da posição,
Fibras, cordas e nós
Questões de urdidura
Fibras cruzadas em tranças
Mundos de arte e textura.
21-10-2019 - 20.45
Sem comentários:
Enviar um comentário