sábado, 26 de outubro de 2019

Livros

Gostava muito dos livros
Da Papelaria Alfacinha
Ao abri-los cheirava-me
À tinta, ainda fresquinha...

Desde o Reino Animal
Ao Corpo Humano
Do Dogma e Ritual
Ao Grande Arcano,

Vieram todos juntar-se
Aos que já lá haviam
E faziam todo o sentido
Quando por fim se liam,

Eu ia lendo aos poucos
Mas os outros também
Em casa todos nós líamos
Era o nosso entretêm,

Eu achava ser normal
Haver livros em casa
Mas depois apercebi-me
Que não era tábua rasa,

Às várias casas aonde ia
Com a minha avó provar
Quase não havia livros
bibelots de espantar,

As estatuetas e quadros
Os tapetes e as mobílias
Que davam logo a noção
Da classe dessas famílias,

Dos ricos e abastados
A nata da sociedade
Às vezes uns brutinhos
Não faltando à verdade...

E lá se iam acumulando
Os livros nas estantes
Eram mais de dois mil
São centenas os restantes,

Ainda estão comigo
Ainda deles preciso
Alguns foram perdidos
Mas as perdas amenizo,

São as partes de mim
Do meu saber, da razão
De estudar a ciência
A arte e a religião,

Livros da minha vida
Um inventário farei
Livros não são cadilhos
São só amigos, eu sei...

14-10-2019 - 19.45

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