domingo, 27 de outubro de 2019

Queirós e o Deserto

Mais uma vez despedido
Queirós enfrenta o deserto,
Olha a vastidão empedernido
Um caminho já seu conhecido
E avança de peito aberto,

Recapitula a velha rota
Que outrora percorreu,
Onde sofreu o orfanato
Cada vez que o patronato
Sua carreira interrompeu,

Carrega farnel e cantil
E diplomas de professor,
Dorme a coberto da noite
E por muito que se afoite
Tem Vénus por cobertor,

Sua cama são contratos
Que em tempos assinou,
E cartas de despedimento
Amarelecidas ao relento
Das luas que já contou,

No alforge o projecto
E na arca a tal temática,
Que é o cerne da questão
Do cofre a combinação
E do futebol a táctica,

Irá caminhando os dias
Por dunas e desfiladeiros,
Desportivo explorador
Do talento e do vigor
Aguardado por olheiros,

Não tardará muito Queirós
Terá outro contrato assinado,
Com um grande do desporto
Que por estar semi-morto
Pretende ser ressuscitado,

Lá vem o fim do deserto
Já Queirós limpa o suor,
E o projecto recomeça
Com uma nova promessa
De ir de pior para melhor,

E depois basta esperar
O despedimento futuro
Nova travessia no deserto
E o que é mais que certo:
- Porra! Queirós é duro!


9-9-2010

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