Muito obrigado Lecas
Por me teres posto a alcunha
Nisso deste-me uma força
Que na altura se impunha,
De desbravar a palavra
Quando poucos o faziam
E trilhar esse caminho
Que os outros não queriam,
Não sei sequer como viste
Que eu nisso tinha futuro
Alguma coisa minha leste
Talvez um a falar duro,
Na altura não imaginava
E continuo a não saber
Porque me deu esta coisa
Destes monológos escrever,
Talvez dum livro de poesia
Que a minha avó comprou
Com 800 anos de textos
Que Portugal acumulou,
Lá li de Ary dos Santos
A “Arte Peripoética”
Fiquei logo apaixonado
Pela rima, pela métrica,
Passados tempos, um dia,
Ao vir da escola fiquei
Sem poder entrar em casa
E na escada me sentei,
Na solidão iluminada
Desse último andar
Estava um tal silêncio
Que não o ousei quebrar,
E pela primeira vez
As palavras fluíam
Pelo lápis traduzidas
Em estrofes que saíam,
Como que num puzzle
Com resposta imediata
Sei agora que era a Musa
A inspirar-me em catarata,
No último andar do prédio
Com a luz da clarabóia
Fiz os sentidos rimarem
Como se talhasse uma jóia,
Quando cheguei a casa
Guardei-os e esqueci
Aquilo que tinha feito
E dessa forma os perdi,
Não fez mal pois entretanto
Tanta coisa já escrevi
Que a escrever me lembrei
Duma estrofe feita ali,
Já a escrevi num texto
Para não me esquecer dela
Ficou na mente guardada
Como visão duma aguarela,
Que outrora ali pintei
Desses quadros o primeiro
Lá no 51, 5º andar
Da Damasceno Monteiro.
31-7-2019
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