Outono, solene Outono
Estação em que nasci
A cada um que passo
Mais me recordo do que vi,
Quando era virginal
E porque nada me detinha
Tudo olhava, tudo via
Atento ao que me vinha,
Eu sabia que era a vida
Esse algo que existia
A cada momento passado
E disso o registo fazia,
Das ondas que vinham
Afectar o meu humor
Os sítios que visitava
E de tudo isso o odor,
O cheiro em particular
De cada ponto e lugar
Das salas da grande casa
Que me calhou habitar,
Ficou tudo registado
No onde e no quando
Não sabia que gravava
Mas ia tudo anotando,
Outonos que passei
Na doce melancolia
Prenúncio de morte
Projectos de novo dia,
Neblina, nevoeiro
Que agora tão raros são
Eram mistério guloso
Do detective em formação,
Outono, as folhas caem
Amarelas da estação
Nutrindo o novo solo
Amontoadas no chão,
Estação que me toca
Cenário da minha vinda,
A este mundo padecer
E também sempre, ainda
Tudo tentar perceber,
Pediria perdão ao mundo
Pois dele quis desistir
Nasci diferente, eu sei
Foi o Outono a sugerir...
4-10-2019 - 09.55
Sem comentários:
Enviar um comentário